17/07/08

XVII


vou deixando mundos para trás,
sílabas de mim.
como se o corpo fosse:
metade de morte em mim
e a outra metade morte de mim

no ar onde pertencem meus passos
sigo sendo menina

estirada de fadiga
jamais abandono o livro sagrado
em teus versos

quero morrer neste sono
no íntimo abrigo
de ser um lugar sempre alheio
como o amor




Maria Costa

07/07/08

XVI

sonhei palavras
que abriam portas

ninguém conhecia
o jardim interior da cidade
a entrada secreta
para aqueles
que se perdiam nas ruas
buscando a si mesmos

em verdade falamos tantas línguas confusas
e junto de nós acontece algo



Maria Costa

02/07/08

XV


o silêncio que agora se mira
no espelho dos teus lábios
trouxe-me ao mundo

porta para outra vereda
que me recolherá na morte
- minha mãe -

devo ser a luz de um sonho antepassado
os dias que viajam em vertigem




Maria Costa