um caminhante pela beira
outonal da água
canta de novo o amor
enquanto o tempo é tecido
à direita dos relógios
Maria Costa
um caminhante pela beira
outonal da água
canta de novo o amor
enquanto o tempo é tecido
à direita dos relógios
Maria Costa
a mulher se inclina a cada
manhã
sua face reveza com o sol
orfãos de terra
são seus olhos
nela não há lugar
Maria Costa
escrevo deste país estrangeiro
do supremo instante das horas em que o mundo
morre de sombra
em ambas as margens do caminho
que faremos com os pássaros?
talvez os deixemos voar e percorrer a casa
com as mãos
sem extremos para o amor
Maria Costa
quando forem ter contigo passageiros das horas junto à sombra
não esqueças a quietude errante
que perdura a teu lado
Maria Costa
pressinto a curva oculta do planeta
a contraluz das mãos que agito
repletas de pó sangrento
olhos mudos,
frios,
ouvidos na morte sem imagem
os homens nada sabem da Vida
Maria Costa