23/01/09

XXXVIII


um caminhante pela beira
outonal da água

canta de novo o amor

enquanto o tempo é tecido
à direita dos relógios



Maria Costa

18/01/09

XXXVI


a mulher se inclina a cada
manhã
sua face reveza com o sol

orfãos de terra
são seus olhos

nela não há lugar


Maria Costa

11/01/09

XXXV


escrevo deste país estrangeiro
do supremo instante das horas em que o mundo
morre de sombra

em ambas as margens do caminho
que faremos com os pássaros?

talvez os deixemos voar e percorrer a casa

com as mãos
sem extremos para o amor


Maria Costa

XXXIV


quando forem ter contigo passageiros das horas junto à sombra

não esqueças a quietude errante
que perdura a teu lado


Maria Costa

04/01/09

XXXIII


pressinto a curva oculta do planeta
a contraluz das mãos que agito
repletas de pó sangrento

olhos mudos,

frios,
ouvidos na morte sem imagem


os homens nada sabem da Vida


Maria Costa